Mais vale tarde que nunca...
Pois é, o Congresso de obesidade infantil já foi à uma semana mas nunca é tarde para partilhar o que aprendi…
Em geral, achei o congresso interessante e gostei de ouvir a maioria dos palestrantes (só é pena que tudo se tenha atrasado duas horas e por isso não consegui ver o último painel!).
Como não podia deixar de ser, falou-se das causas da obesidade infantil, que nunca é demais relembrar: o património genético, o sedentarismo, os maus hábitos alimentares…
Destes factores, penso que muitas das vezes se culpa a genética pela obesidade da criança, mas a verdade é que apenas em 3 a 5% dos casos é que a obesidade se deve a este factor; o que acontece na maioria dos casos é que os pais já têm maus hábitos alimentares e transmitem-nos aos filhos!
O sedentarismo foi outro dos pontos debatidos, mais em particular, por um professor do FCDEF de Coimbra. Uma das coisas que ele referiu foi o facto de estarmos a chegar a um ponto em que também o desporto, se quer de consumo rápido, pois apenas se fazem iniciativas pontuais para incentivar o desporto ou infraestruturas em que o “consumidor” chega, faz a sua meia hora de desporto e vai embora, sem haver planeamento e a mínima organização da prática de exercício físico…
Relembrou-se também um estudo já publicado anteriormente, que revelou que em Portugal, 31,5 por cento das crianças entre os sete e os nove anos têm excesso de peso ou obesidade, sendo na maioria crianças do sexo feminino ( e porquê…?aqui sim, devido a factores genéticos e também porque as meninas são mais sedentárias!).
Noutro estudo que foi apresentado, chegou-se à conclusão que é nas famílias de níveis sócio-económicos mais baixos e com menor instrução em que há maior taxa de obesidade infantil. Revelou-se também uma associação directa entre o número de horas que a criança passa a ver TV e o nível de obesidade. Como não podia deixar de ser, também aqui os hábitos da família se vão reflectir nos hábitos da criança: são os pais com menos habilitações que vêm menos TV e, consequentemente os filhos também passam menor horas em frente a este aparelho, reflectindo-se numa menor taxa de obesidade infantil!
Por incrível que pareça, concluiu-se que as crianças obesas dormem menos tempo! Estranho não?!! As explicações que se apontaram para este facto foi que as crianças ao serem obesas têm menos actividade, cansam-se menos e daí não terem tanta necessidade de descansar; por outro lado, os níveis de serotonina nestas crianças tendem a ser mais baixos, o que as leva a dormir menos.
(A serotonina é um neurotransmissor, isto é uma molécula envolvida na comunicação entre as células do nosso cérebro, e parece ter funções tão diversas como o controlo da libertação de algumas hormonas e a regulação do ritmo circadiano, do sono e do apetite)
Falou-se também do Plano Nacional de Combate à Obesidade e de um "projecto" espanhol chamado EsNAOS - Estrategia Nutricion, Actividad Fisica y Prevencion de la Obesidad.
Por agora, fico por aqui...
Até à próxima!
1 Comments:
Acho que, muitas vezes, utiliza-se a genética para desculpar a obesidade. Até prova em contrário, que me convença, a obesidade é uma doença ambiental.
Se o consumo energético for igual ou inferior ao gasto, não há obesidade!! De uma forma mais grotesca, só engorda quem come! E o acto de comer, embora seja uma necesidade básica, é um factor ambiental. Se assim não fosse, não haveria fome no mundo nem pessoas a morrer por subnutrição.
O que acontece é que a genética pode contribuir para que um indivíduo, consiga usar a energia consumida com maior ou menor eficiência, mas no limite vai depender sempre daquilo que ele come.
18 dezembro, 2005
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